« Chegou ao fim 2007.
Foi melhor do que 2006?
Foi pior? Não sei.
Será 2008 melhor? Não sei.
Sei que o ano que passou deixa poucas memórias doces.
Poucas coisas que marcarão os próximos anos da História recente e não terá uma linha quando daqui por cinquenta anos um historiador quiser estudar o início deste século.
Dirão os mais prosélitos que talvez a presidência portuguesa da União Europeia seja um grande momento. Para os incautos. Não trouxe nada de relevante, para além de uma forte campanha de propaganda e um tratado tão insípido quanto confuso. Outros lembrarão a chuva de computadores com que o Governo encharcou o País. Valerão o que valem, mas não mudam a sorte de ninguém. Alguns, menos entusiasmados mas ainda confiantes, sublinharão a importância das reformas em curso. E o núcleo duro de amor por 2007 gritará a grande vitória sobre o défice, na verdade a única coisa que atormenta este Governo.Dir-me-ão que narro uma prosa negra. Nada disso.
Devo confessar que coisas positivas nos tocaram a todos. O Cristiano Ronaldo quase ficou em primeiro, graças a Deus os ‘Morangos com Açúcar’ ainda estão por aí, ao que se sabe a Elsa Raposo não viveu nenhum divórcio este ano e para saborear melhor o ano que agora finda não podemos esquecer com alguma alegria de alma que os clubes portugueses ainda persistem nas competições europeias.
Ah! O FC Porto ganhou outro campeonato.De bom, de notícia gorda, fica o que de pior aconteceu e, sem dúvida, o caso Madeleine marcou o ano de 2007. Casando este caso com a sequência de homicídios na noite do Porto, então ficamos com um balanço final de ponto em branco. Mais do que as vitórias e insucessos da polícia, este emaranhado de casos mediáticos desnudaram a completa descoordenação e falta de investimento, de atenção, de vontade no que respeita à segurança. E dizendo isto, elejo o ministro Rui Pereira como o melhor ministro deste Governo. Imputar-lhe a miséria em que se revelou todo o sistema judiciário e securitário é atirar poeira para os olhos dos mais assustados. O problema é estrutural, tem anos de preguiça em cima e – talvez por força dos acontecimentos – 2008 seja o ano que nos traz melhorias no sector da segurança e protecção eficaz dos nossos direitos, liberdades e garantias.Foi um ano ruim, não haja dúvidas. O desemprego tornou-se uma aflição, a reforma do sistema escolar já não coincide com o Quadro Comunitário de Apoio, atrasado por falta de regulamentação, desleixo, digo eu, e aí estamos à míngua. Assim como na saúde.
Salva-se, neste ano obscuro, sem génio nem esperança, o facto de ter chegado ao fim. Acabou. Ponto final. O momento suficiente, ainda que subjectivo, para relançar a esperança.
Que 2008 seja um ano melhor para todos, com mais direitos sobre a vida e com menos ameaças sobre as expectativas. Com mais esperança!Bom Ano Novo!»
Francisco Moita Flores, Professor universitário
Para todos que, longe ou perto, estão no livro das memórias e afectos,
desejo um Ano 2008 com mais desejos realizados do que pedidos...
beijos